Que tipo de roupa eu posso usar?

Ah, mas mesmo sendo baixinha eu posso?

Dá certo essa pantacurt para o meu tipo de corpo?

Essa é uma das dúvidas que mais percebo em meus atendimentos.

Antes de mais nada quero esclarecer o seguinte: minha vertente de trabalho é baseada na empatia e no respeito acima de tudo. Partindo dessa premissa não serei eu a dizer o que você pode ou não usar. Estou aqui para apresentar um olhar técnico sobre moda e imagem, e junto com você criar soluções criativas para sua identidade visual. Sim, nossa imagem diz muito sobre a gente, e se combina com o que somos internamente se torna forte e marcante.

Bom, voltemos ao que interessa…

Até praticamente ontem, quando nosso mundo vivia no escuro com os temas: representatividade, igualdade, exclusão e esteriótipos, existiam muitas regras veladas e também declaradas em todos os âmbitos da vida em sociedade.

Logo a moda não ficaria de fora, já que em sua essência é forte expressão social, acompanha a cultura e os movimentos psicossociais em sua totalidade. Assim como nossa sociedade dita diversas regras, a moda também.

Por um longo período, por si só, foi uma forte ditadura. Por anos deixou a maior parte da população relegada a não ter ‘estilo’ – até meados dos anos 60 só estava na moda quem tinha alto poder aquisitivo e isso trazia status e representação social-, um cenário muito diferente nos dias de hoje, onde todos aqueles que quiserem podem usar tendências de moda. Lembrando que moda, tendência e estilo são coisas que diferem entre si, mas isso é assunto para um próximo post, ok?

Lá nos anos 70 quando surgiu o trabalho de consultoria de imagem nos Estados Unidos, cujo o intuito era ditar maneiras de se vestir corretamente, tinha a seguinte conduta: mulher de estatura baixa não pode usar linhas horizontais  porque achata; mulher muito alta com look monocromático fica mais alta ainda; sobrepeso e listras horizontais nem pensar. E todas essas ideias perduraram por anos a fio, até ‘ontem’ praticamente. Hoje percebemos que o caminho não é esse, e não há mais razão para ser.

Então você vai dizer: agora estou confusa, não tenho regras a seguir?

Eu te digo: as ¨regras¨ existem sim, elas amparam o meu trabalho, porém não penso como regras, penso como orientação técnica do que pode ser melhor para cada pessoa, esses parâmetros servem para alinhar a essência com a aparência de cada um, deixar coerente a vida que se vive com a roupa que se veste, pois já tem tempo que a roupa deixou de ser só um aparato de proteção térmica e virou expressão individual e social.

Com a popularização da moda e democratização do mundo, faz com que venha caindo por terra algumas regras e discursos, inclusive sobre: de quem pode usar o que.

Gosto de pensar que todo mundo pode usar tudo o que quiser desde que esteja confortável e feliz com o que veste. No entanto, quando o objetivo é de criar uma imagem forte e coesa há que lançar mão das técnicas para entender o que favorece e o que não favorece tanto. Fazer uma leitura de estilo e entender as proporções para decidir o que ganha mais evidência e o que fica mais ‘escondido’. Aprender sobre si e estilo de vida permite que a mensagem fique ainda mais clara.

Dá uma pausa, e segura o raciocínio e vem comigo dar uma espiada nessas imagens… perceba como é possível ”desrespeitar regras” (aquelas impostas de que cada corpo pode uma coisa) e manter o estilo… Para isso basta se conhecer, se saber, se enxergar, se sentir e entender o que funciona para sua vida.

Quando o sobrepeso não é o ditador do seu estilo e das suas preferências…

E quando a altura não impede de comprimentos longos e midis…

Essas imagens mostram que independente da sua forma física, sempre há um jeito coerente, proporcional e harmônico de se usar aquilo que se gosta e te representa.

O que quero dizer com tudo isso:

Que paremos, todos nós, de nos julgar tão severamente, a ponto de não ter confiança e clareza para se vestir como quiser. Que olhemos com mais amor e respeito para entender nossas formas e como deixá-las ainda mais belas e representando quem somos.

Ai você me diz: mas e essas modelos de passarela e manequins de loja?

Digo: pára de olhar para isso, pois não representa nem 2% da população mundial. Veja somente a proposta de roupa, estilo, cores, modelagens, tecidos e estruturas. E pára de acreditar que isso só funciona para aquelas pessoas. Meu trabalho promove liberdade para SE experimentar e descobrir o que faz sentido. E entender que não é porque está na moda usar pochete (sim, mesmo que timidamente ela está no cenário) que você tem que usar, use apenas se faz sentido, se representa quem se é.

Alguns padrões impostos pela nossa sociedade nos roubou a legitimidade e autoestima, mas graças aos cosmos – e diversos movimentos sociais-, isso vem mudando, e com isso surge uma maior representatividade (é pouco perto do que seria o ideal, mas já é um começo).

Então, duas dicas valiosas que dou para todos que passam pelo meu escritório: Comece a se comparar com aqueles que se assemelham com você, e se você gostou de uma roupa e acredita que tem a ver com sua essência, veste e vai para frente do espelho, se olha, se namora, esse é o único jeito de saber se algo fica bom.

A roupa certa para cada tipo de corpo é aquela que representa fielmente a alma que a veste, do contrário pode ser Alta Costura Chanel que não vai te representar!

Beijos e até breve… Jack Brossi